A nova variação do coronavírus, chamada de Ômicron, já foi detectada em ao menos 17 países. Destes, a maioria fica na Europa, que já enfrentava grandes dificuldades em razão da quarta onda da doença. Além das nações que confirmaram a nova cepa, outras, incluindo o Brasil, já confirmaram casos da variante.
Diante de tal cenário, países que buscam evitar uma incidência maior de contaminação estão fechando suas fronteiras; enquanto isso, aqui no Brasil, sobretudo no Estado de São Paulo e Rio de Janeiro, as previsões para a realização de grandes festas continuam, como o Carnaval, festivais de músicas, rodeio e shows diversos. Festas que atraem multidões, sendo um “prato cheio” para uma possível contaminação.
Desde o surgimento dos primeiros casos de Covid-19 locais que poderiam gerar fluxos de pessoas foram fechados e tiveram suas atividades reduzidas. Escolas, faculdades, comércios, atividades religiosas e serviços também foram atingidos com o dilema, que causou grandes discussões pelo País.
Hoje, mesmo com a ameaça global da variação do coronavírus, o Brasil segue na contramão daquilo que se via anteriormente. Apesar da preocupação de administradores de alguns municípios que já cancelaram a realização do Carnaval e Réveillon, por outro lado há quem aposta na sorte, anunciando festividades e realizações de eventos sem a restrição de público, ou seja, recintos liberados para receber multidões.
Novas discussões sobre a realização de eventos de grande porte devem acontecer à medida que a Ômicron, infelizmente, avança. Pouco ainda se sabe sobre essa variante, apenas que ela carrega uma grande quantidade de mutações.
Aos poucos governantes começam a cair na real, mas o ritmo lento pode custar um novo caos. O Governador de São Paulo João Doria decidiu nesta quinta-feira (2) atender recomendação do Comitê Científico para manter a exigência do uso de máscara em espaços abertos no estado, já que havia a previsão da liberação em espaços abertos a partir do dia 11 de Dezembro. Na recomendação feita ao Governo de São Paulo, o Comitê Científico apontou que há incertezas quanto ao impacto da variante ômicron às vésperas do fim de ano. Os períodos de Natal e do Réveillon costumam provocar grandes aglomerações, o que facilita a transmissão de doenças respiratórias como a Covid-19.
De fato estamos “amarrados” com a pandemia da Covid-19. A incerteza de cientistas serve como alerta para eventos já marcados e confirmados.
Não se pode negar a eficácia da vacinação e sua colaboração para a queda no número de óbitos, porém mesmo vacinado ainda é possível se contaminar com o vírus. Se há chances reais, é necessário, por enquanto, que as restrições para eventos continuem prevalecendo. Especialistas afirmam que é precipitado fazer planos que incluam aglomerações neste momento. Por ser uma descoberta recente, ainda não existem informações confiáveis sobre a capacidade de transmissão da cepa e se ela será capaz de escapar da resposta imunológica construída pelas vacinas.
O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, fundador e ex-presidente da Anvisa, em conversa com a imprensa disse acreditar que serão necessárias de duas a três semanas para saber exatamente se as vacinas desenvolvidas até aqui funcionam contra a Ômicron. “Falar em Réveillon no momento em que o mundo tem uma variante com grande possibilidade de transmissão é anticíclico, é loucura”, afirma o professor da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Nesta quinta-feira (02) São Paulo cancelou o seu famoso Réveillon. Os governos de Salvador, João Pessoa, Fortaleza, Florianópolis e Belo Horizonte também anunciaram o cancelamento das festas de Ano-Novo para evitar aglomerações e oportunidades de transmissão.
De certo o mais prudente seria, antes de incentivar a realização de rodeios, Réveillons, shows e o carnaval, esperar as conclusões da ciência a respeito da Ômicron. Caso contrário, seguir adiante com esses eventos será uma grande irresponsabilidade que poderá trazer efeitos devastadores, comprovando que a preocupação dessas autoridades nunca foram as vidas.
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